segunda-feira, 7 de abril de 2008

Estações

Próxima estação, Mooca. Anunciava o maquinista. Ainda faltavam duas estações para chegar à Luz. Tive sorte. O trem estava mais vazio, não sei se era o dia ensolarado, mas as pessoas pareciam mais felizes. Atípico, pois, estava acostumada com os olhares perdidos, como se elas estivessem em transe e somente despertassem ao ouvirem o nome de suas estações.

Normalmente embarcava naquele trem lotado, a prova do descaso público, comigo, com as pessoas que ali como eu sobreviviam a cada estação, naquele exaustivo meio de transporte, no qual questionávamos a lei da física, pois, dois corpos ocupavam o mesmo lugar ao mesmo tempo.

Neste dia, algo diferente aconteceu. Nossos olhares se cruzaram e se fixaram, assim permanecemos nos olhando, conhecendo, admirando, nos encantando, sonhando, amando... Por quase cinco anos assim ficamos, alternando momentos de alegria com tristeza, esperança com desilusão.

Durante este tempo, admirávamos a paisagem que, assim como as nossas vidas, se alternavam, dias de sol, outros de chuva, calor e frio.

Era final da primavera, estações das flores, e naquela estação você desembarcou, nossos olhares se perderam. Já não sei ao certo se fui eu quem te perdi ou você que se perdeu de mim. E mais uma vez o maquinista anunciava: próxima estação, Mooca.

2 comentários:

Alma e Imagem disse...

Acho que fica aqui uma reflexão sobre a vida. A todo momento estamos nos encontrando e indo embora, a todo momento mudamos. E é preciso escolher entre chorar e sorrir, pois a estação sempre muda e o trem sempre irá seguir...

Marcelo Fabri disse...

Muito bonito esse texto. Ainda bem que resolveu deixar no blog para que todos pudessem ler. Ele é delicado e poético sem ser piegas...gostei.

Beijos

Marcelo