sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Quase morte

Era o caos, o fim de tudo, o último instante, todo aquele desamor, desencanto, tudo misturava-se... Mágoa, dor, amor e ódio, tudo era nada. Naquele momento aquelas palavras bastavam, maltratavam e satisfaziam, mas não poderia jamais juntar o que se desfez.

A situação era surreal, aqueles momentos que qualquer ser humano sai de si, e não enxerga mais nada, a vista turva, nos olhos a dor, Lorena sofria, ela amava e agora ela tinha toda sua ilusão desfeita, a morte dos sentimentos os separavam.

Tudo que era sólido dissolvia-se naquele instante, castelos de ilusões caiam, vagarosamente, doíam, matavam qualquer esperança de um novo cenário.

A fumaça invadia o ambiente, que era escuro, triste e frio...Angustiava, maltratava até o último momento, a agonia era intensa, a dor profunda, o grito sufocado no peito, não saia, não conseguia, não podia...
Mas, de repente um clarão insuportável, que contrastava com o ambiente escuro, a luz invade o cenário, cortando a escuridão, sem pedir licença, cria outra perspectiva, ofuscante, assim como a verdade dita nua e crua, mas que liberta os que conseguem ver.

Um toque, uma voz... É apenas um pesadelo, o sol invade o cenário por entre a brecha da janela, Lorena respira aliviada.

sábado, 4 de outubro de 2008

Melancolia

Aquele olhar era de adeus
Olhar que acompanha-me até agora
Quando olho-me no espelho, que refletem a minha dor
Olhos tristes, que se fecham...


Fecham a cortina, pois a chuva cai
E assim cai a minha esperança
No silêncio da noite, gritam os meus pensamentos
Que me ensurdecem e remetem ao passado...

Passado, presente em mim
Em minha alma, tatuado em meu coração,
Que bate descompassado, atormentado, angustiado,
Ignorado e solitário...

A solidão, dor minha, sua, de uma multidão, que ela faz companhia
Indesejada, inesperada, solitária, que acompanha a melancolia
Que não quer deixar-me ver, que aquele olhar era de adeus.

sábado, 23 de agosto de 2008

Maria Clara

Maria Clara andava. Habituara-se a andar, desde que a saudade veio visitá-la e nunca mais se foi, percorria caminhos novos. Havia dias que caminhava debaixo da chuva, na esperança de que a água levasse embora a sua dor, em outros caminhava debaixo do sol, a esperar que ele queimasse e acabasse com o sentimento que havia em seu coração.

Ela procurava esquecer seu passado, um antigo e tão presente amor, mas assim como o sol não consegue fugir sempre da lua, pois um dia se encontram e formam um eclipse, ela não conseguia fugir dos seus próprios pensamentos e sentimentos, afastara-se de todos e tudo para esquecê-lo, mas quanto mais fugia, mais se aproximava.
Fingia ser feliz. Fingia na esperança de acabar acreditando que realmente era feliz e suportar viver com a ausência de seu amor. Maria Clara tinha a pele clara, que contrastava com seus cabelos ruivos e brilhantes, olhos azulados, que enxergava um presente cinzento, mas ela tocava melodias coloridas e suaves em seu violão, o que alegrava sua alma cansada. Vendia quadros, que ela mesma pintava, com traços fortes, outros suaves, pintava e coloria sua vida.

Maria Clara chorava, lágrimas que persistiam em rolar pela sua face, apesar do esforço que fazia contra, mas chorava em horas predeterminadas, naqueles momentos inevitáveis, que todo ser humano entra em contato consigo mesmo, com seus mais íntimos sentimentos e emoções.
Certa manhã de calor intenso, Maria Clara andava, não sei se o sol mais o vermelho dos seus cabelos, fizeram ela não suportar aquela dor que sentia, aquele amor que queimava em seu coração, então ela dirigiu-se ao mar, foi aos poucos entrando, era como se a sua alma se refrescasse, conforme caminhava em direção ao horizonte e, assim, lentamente foi sumindo e deixando sua tristeza para trás.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

Toca Raul!

Toca Raul! O som tocava alto, na “brecha” do vocalista para tomar um gole de água...Água? Não sei ao certo o que tomava, alguém como de costume aproveitou para pedir o som de Raul Seixas.A banda tocava alguns clássicos do rock, de Janis Joplin, Joe Cocker e alguns sons nacionais.

Pessoas eufóricas, tocadas pelo magnetismo da noite, se divertiam, eu tocada pela ansiedade o esperava e observava as folhas das árvores, que eram tocadas pelo vento e podia sentir o frio que fazia, apesar do calor de onde estava.

Sem perceber você chegou, tocou levemente em minha mão e me acalmou, eu observava seus lábios que tocavam o copo, no qual você tomava sua dose de bebida, e também fumava o seu cigarro, meus pensamentos divagavam.

Desejava tocar seu coração... Suas palavras me trazem novamente a realidade, eu sorrio, e sei que nada direi, pois tudo já está subentendido, às vezes, um olhar fala mais do que palavras. Não desejava quebrar o encanto do momento, mas novamente alguém gritava.Toca Raul! E dessa vez todos olhavam e a banda tocava a música que ela pedindo, gritava.

terça-feira, 27 de maio de 2008

O mundo enlouqueceu ou será que esqueci de enlouquecer?

Ouço o noticiário.Padre que saiu voando de balão e nunca mais voltou.Utopia?Não, realidade, menininha de 05 anos que fez um vôo eterno, supostamente pela vontade de seu pai.Utopia? Não, realidade...Pais matando filhos...Filhos matando pais, violência, seqüestros, fome, deficiências na sociedade...Realidade banalizada, não protestada...

Então o que dizer dos sentimentos? Sentimentos? Existem? E o amor, então? Mera literatura ou mais uma utopia?Talvez alguém possa me responder...Talvez?

O que esperar? Pelo que lutar? Para sobreviver? Talvez, já que mais vivemos para trabalhar, do que trabalhamos para viver...Mundo capitalista, cruel, pessoas fúteis, ideologias cruéis, desumanas...

Escrever... Este texto cheio de indignações, interrogações, talvez alguém possa me responder, ou simplesmente me lembrar...Será que esqueci de enlouquecer ou de tomar minha dose diária de loucura?

domingo, 11 de maio de 2008


No colorido desta tela, viajo...Embelezando minha mente...

Hoje o dia está cinzento e frio;

Mas aqui a ternura nos aquece e fortalece;

Na simplicidade de mais um dia, reunidos em família;

A celebrar a vida, a comunhão e a união apesar de sermos cada um;

Com nossas diferenças e com nosso amor em comum;

A vocês mães amadas, genitoras ou mães de coração;

Minha saudação e exaltação a este ato sublime que é ser mãe.

sábado, 19 de abril de 2008

Linha tênue


A uma linha tênue no horizonte, que separa o céu e a terra;

Onde há tantos mistérios que não podemos ver;
A uma linha tênue entre a vida e o abismo;
Linha esta que você não enxerga, ou não quer perceber;
Meu ser secreto chora...

Lágrimas involuntárias, que não posso conter;

A uma linha tênue, entre o amor e a loucura;

Na qual se fundem, confundem e você não consegue perceber;

A uma linha tênue que nos separa; que você traça;

Mas que você pode escolher...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Fugir

Hoje eu queria fugir...Fugir para o além mar, mas não a fuga dos covardes, que fogem por ter medo de enfrentar, mas fugir para se encontrar.

Encontrar novamente a esperança, enxergar o brilho no olhar de uma criança, enxergar a beleza na magnitude da vida que está no amanhecer de um novo dia, no pôr do sol, ou no encantamento de um arco-íris que pode surgir, assim, casualmente e encantador em um dia cinzento.Mas às vezes, fugir é ficar e talvez se perder seja se encontrar.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Caminho...


Estações

Próxima estação, Mooca. Anunciava o maquinista. Ainda faltavam duas estações para chegar à Luz. Tive sorte. O trem estava mais vazio, não sei se era o dia ensolarado, mas as pessoas pareciam mais felizes. Atípico, pois, estava acostumada com os olhares perdidos, como se elas estivessem em transe e somente despertassem ao ouvirem o nome de suas estações.

Normalmente embarcava naquele trem lotado, a prova do descaso público, comigo, com as pessoas que ali como eu sobreviviam a cada estação, naquele exaustivo meio de transporte, no qual questionávamos a lei da física, pois, dois corpos ocupavam o mesmo lugar ao mesmo tempo.

Neste dia, algo diferente aconteceu. Nossos olhares se cruzaram e se fixaram, assim permanecemos nos olhando, conhecendo, admirando, nos encantando, sonhando, amando... Por quase cinco anos assim ficamos, alternando momentos de alegria com tristeza, esperança com desilusão.

Durante este tempo, admirávamos a paisagem que, assim como as nossas vidas, se alternavam, dias de sol, outros de chuva, calor e frio.

Era final da primavera, estações das flores, e naquela estação você desembarcou, nossos olhares se perderam. Já não sei ao certo se fui eu quem te perdi ou você que se perdeu de mim. E mais uma vez o maquinista anunciava: próxima estação, Mooca.