sábado, 23 de agosto de 2008

Maria Clara

Maria Clara andava. Habituara-se a andar, desde que a saudade veio visitá-la e nunca mais se foi, percorria caminhos novos. Havia dias que caminhava debaixo da chuva, na esperança de que a água levasse embora a sua dor, em outros caminhava debaixo do sol, a esperar que ele queimasse e acabasse com o sentimento que havia em seu coração.

Ela procurava esquecer seu passado, um antigo e tão presente amor, mas assim como o sol não consegue fugir sempre da lua, pois um dia se encontram e formam um eclipse, ela não conseguia fugir dos seus próprios pensamentos e sentimentos, afastara-se de todos e tudo para esquecê-lo, mas quanto mais fugia, mais se aproximava.
Fingia ser feliz. Fingia na esperança de acabar acreditando que realmente era feliz e suportar viver com a ausência de seu amor. Maria Clara tinha a pele clara, que contrastava com seus cabelos ruivos e brilhantes, olhos azulados, que enxergava um presente cinzento, mas ela tocava melodias coloridas e suaves em seu violão, o que alegrava sua alma cansada. Vendia quadros, que ela mesma pintava, com traços fortes, outros suaves, pintava e coloria sua vida.

Maria Clara chorava, lágrimas que persistiam em rolar pela sua face, apesar do esforço que fazia contra, mas chorava em horas predeterminadas, naqueles momentos inevitáveis, que todo ser humano entra em contato consigo mesmo, com seus mais íntimos sentimentos e emoções.
Certa manhã de calor intenso, Maria Clara andava, não sei se o sol mais o vermelho dos seus cabelos, fizeram ela não suportar aquela dor que sentia, aquele amor que queimava em seu coração, então ela dirigiu-se ao mar, foi aos poucos entrando, era como se a sua alma se refrescasse, conforme caminhava em direção ao horizonte e, assim, lentamente foi sumindo e deixando sua tristeza para trás.

14 comentários:

Casimiro disse...

Que Beleza heim!
A Maria Clara fez o que todos nós, pelo menos uma vez na vida, quis fazer. Teve coragem e audácia.
Parabéns para ela e também pra você que contou sua história.rs
Beijão!

Marcelo Fabri disse...

Moça inspirada...voltou em grande estilo. Gostei muito do uso que fez do sol e da chuva no texto, seja para queimar ou para lavar a saudade. E a comparação do eclipse com os sentimentos também ficou demais.
Beijos

Alma e Imagem disse...

Bibian!

Adorei o uso das palavras para que a Maria Clara tentasse arrancar a dor... queimar o sofrimento ou lavar a alma!! Que lindo!! Mas triste...

Você, romantica como sempre!!
Só pense em um outro fim para esse sofrimento da Maria Clara, é triste..rs Adorei!!

Beijosssss

Anônimo disse...

Um texto de uma reflexão incrível. Elementos naturais represetando a esperança de uma libertação que nunca se aproxima.

Parabéns pelo blog!

Abraços...

Anônimo disse...

Obrigado pela visita e comentário também!

Gostei bastante da maneira como conduz a história, a forma como expressa cada idéia, cada detalhe. Acabei de add seu blog. Assim, não esquecerei de conferir os próximos textos.

Até mais,

Fernando Graça disse...

"Maria Clara" é um texto fino, que poderia ser ajustado e modelado com alguns truques, macetes e técnicas de literatura, para se transformar em algo ainda mais fino. Sempre sou cabeça-dura na questão de que, quando uma mulher decide escrever, escreve melhor que qualquer homem! Você escreve muito bem e "Maria Clara" reflete o lado feminino desprezado, escrava da saudade, essa palavra que só existe na língua portuguesa e que mata nós, lusófonos. Quando entrou no mar, suponho que tenha se suicidado. Adoro esses finais misteriosos. Um dos elementos que você usou e que deixou o texto justamente refinado.

Quando inventou-se a chapinha, foi mais uma ferramenta para a vaidade humana. Por incrível que pareça, humana. Os homens e as mulheres se diferenciam em comportamento e vontades, mas sempre serão humanos, e, às vezes, vaidosos (elas, pela edução e pela tradição; eles, por motivos que dão enciclopédias mil).

Abs,
Fernando

VEJA MEU BLOG NEO BIO.

Fernando Graça disse...

POR FAVOR, ESQUEÇA O SEGUNDO PARÁGRAFO, ESTAVA NO MEU CTRL+V. DESCULPAS.

Abs,
fernando

Fernando Graça disse...

Pois é. Noto em suas outras postagens que você também possui uma consciência social. Inspiração para nós! Estou aflito para sua próxima postagem. Cadê? Não posta diariamente?

Abs,
fernando
Seja sempre bem-vinda.
http://neo-bio-blog.blogspot.com/

Fernando Graça disse...

Agradeço sua visita. Até mais, minha poetisa.

Um abraço,
fernando
http://neo-bio-blog.blogspot.com/

Anônimo disse...

Ela morreu?o.O
Quantas Marias Claras não vemos na rua todo dia? Coitadas, espero que elas não se matem,isso é não é legal... quero mais é que elas arrumem um namorado bem bonito e que as façam muito felizes.
adorei o blog.

beejO!

Anônimo disse...

Cade as atualizações? Estou ansioso por mais um texto seu!

Casimiro disse...

Como o cara acima, protesto para ler mais textos seus aqui!rs
bjs

Vivi Peron disse...

Rsrsr...Obrigada pelo carinho, em breve postarei outro texto, não postei por falta de tempo mesmo.
Bjs!!!

Mr. Hide disse...

Bibian, descola uma Maria Clara dessas pra mim? é perfeita! Bonita, sensível e, quando enche muito, se mata! é o tipo de mulher que eu procuro a vida toda...